Café colhido das fezes de animais: Conheça todos os tipos!

Você não leu errado, de aves até elefantes, os animais têm se revelado fontes de grãos exóticos para café, inclusive estão entre os cafés mais caros do mundo.

O café colhido das fezes de alguns animais se destaca pela sua maneira de produção, os grãos são selecionados pelos animais, e em seu intestino ocorre um processo de fermentação do grão de café. Existem vários tipos de cafés com essa característica de produção, como o Kopi Luwak, Jacu Bird, Black Ivory e Monkey Coffee.

Neste artigo iremos apresentar todos esses cafés, suas especificações, o que os fazem ser tão exóticos, e o mais importante, se vale a pena o preço. Confira!

Qual café é feito com fezes de animal?

Apesar do Kopi Luwak, o café derivado das fezes de uma civeta, ser o mais conhecido, existem vários outros cafés com uma forma de produção parecida:

  • Jacu Bird
  • Kopi Luwak
  • Black Ivory
  • Monkey Coffee

Inclusive o Brasil, o maior exportador de café do mundo, tem o café chamado de Jacu Bird, que vem das fezes de uma ave chamada Jacu.

Jacu Bird

É um fato que muitas pessoas sabem como usar o fracasso temporário para torná-lo em verdadeiro sucesso, a história desse café ilustra bem isso. Foi na Fazenda Camocim, localizada no interior do Espírito Santo onde tudo começou.

Os jacus estavam começando a arruinar os negócios da fazenda, eles consumiam os grãos e destruíam parte da colheita. Porém o dono da fazenda se inspirou no café Kopi Luwak e como ele era produzido, e então ao invés das aves prejudicarem o negócio elas começaram a fazer parte dele.

Como é o processo?

Tudo começa antes da ingestão, afinal o Jacu seleciona os melhores grãos. Além disso, ao se alimentar, o animal consome apenas a polpa e a casca do fruto, desse modo, o grão sai totalmente intacto e com um toque especial do organismo da ave, que melhora as características do grão.

Após recolher as fezes, é realizada a limpeza do grão e em seguida ele é torrado e moído. Os grãos são retirados das próprias árvores onde a ave fica.

O Café nacional mais caro

Muitas pessoas associam o valor ao sabor, mas nem tudo se trata de qualidade no mundo exótico. Nesse caso o alto custo se deve ao processo que depende de uma ave.

Atualmente o jacu está na lista de extinção, desse modo, a sua criação em cativeiro é proibida. É necessário que as aves – por livre e espontânea vontade – pousem nas árvores e processem o grão.

Isso torna a produção do Jacu Bird muito limitada, o que faz com que consequentemente eleve o seu preço.

O sabor do Jacu Bird pende ao doce, mas não deixa de ser equilibrado, ainda há o amargo para quem assim preferir, mas em menores níveis.

Por fim, o que está sendo pago além do sabor é uma história, experiência e exclusividade. Este café é produzido apenas no Brasil, e se encontrá-lo em outros países, saiba que a procedência é nacional.

Além do Jacu Bird, o Kopi Luwak também compartilha desse processo de produção de grãos exóticos, porém o responsável é um mamífero, o civeta. E a sua história é mais amarga do que a criação do Jacu Bird, e seu valor e raridade são tão elevados quanto.

Kopi Luwak

Saindo do Brasil vamos direto à Indonésia onde, por volta do século XVIII os indonésios enfrentavam problemas com os holandeses.

Os holandeses sabiam que as terras indonésias eram férteis, desse modo eles passaram a cultivar café nessas regiões. Apesar dos indonésios trabalharem na produção do café, o consumo era proibido para eles, o que se devia ao fato do café ser caro naquele tempo.

E então os moradores passaram a aproveitar os grãos das fezes dos civetas que viviam livres e comiam os melhores grãos das plantações. Após os holandeses descobrirem o processo, eles passaram a comercializar aquele café, e desde aquele tempo o Kopi Luwak é vendido a valores altos.

Como é o processo?

Os civetas (mamíferos típicos da região indonésia) selecionam e ingerem os melhores grãos. Enquanto eles digerem os grãos, o seu organismo produz ácidos e enzimas sobre aquele grão.

Graças a este processo natural de fermentação, o café processado dentro do Civeta ressalta o gosto das frutas vermelhas, isso resulta em um café com baixo índice de acidez e suave.

Café e produção amarga

Muitas fazendas e criadouros hoje em dia têm sua produção do café Kopi Luwak com civetas que vivem em cativeiro. Estes mamíferos não apenas são restringidos de sua liberdade, como também têm a própria dieta modificada.

A digestão dos grãos com outros frutos têm um impacto no sabor do café Kopi Luwak. Então eles geralmente comem apenas o fruto do café, com isso a sua alimentação fica desbalanceada e incompleta.

O resultado disso é um café com método de produção exploratório, e que tem a probabilidade de ter o sabor diferente do Kopi Luwak de civetas que vivem livres..

Black Ivory

Os tailandeses sem dúvidas entenderam bem o conceito do café exótico. Os elefantes são responsáveis pela produção do grão mais raro do mundo.

O processo é o mesmo realizado com o civeta, entretanto o elefante processa os grãos durante 70 horas. As bactérias que recepcionam os grãos e o fato do elefante ter uma dieta estritamente herbívora confeccionam o sabor suave desse café.

A primeira produção deste café foi realizada pela Black Ivory Coffee. Ela foi feita em um refúgio de elefantes resgatados cujo nome é Golden Triangle Asian Elephant Foundation em Chiang Saen.

Como é o processo?

A produção do Black Ivory não apenas é mais demorada que os demais, como também ocorre em menor escala. Os animais são alimentados com cerejas de café, não há a escolha do animal pelos melhores grãos neste caso.

Contudo um dos fatores mais influenciadores de sua produção advém da relação consumo x produção do animal. Para obter 1 Kg de café Black Ivory são necessários 33 Kg de cerejas de café cru.

O café mais raro do mundo

A produção anual do Black Ivory é em torno de 150 Kg por ano. Desse modo, a distribuição desse café se concentra em alguns hotéis mais luxuosos do mundo e no site oficial do Black Ivory Coffee.

Além disso, ainda é preciso contar com a disposição do animal para se alimentar, com a quantidade suficiente de grãos, que serão mastigados e processados.

O Black Ivory também enfrenta problemas quanto ao cultivo de animais cativos, mas os produtores alegam que a atividade não é prejudicial à vida dos elefantes. Outros rebatem dizendo que é melhor do que atividades em parques e circos.

Vale a pena o preço?

Críticas têm surgido diariamente quanto ao gosto e há até mesmo quem questione se um café extraído de fezes de animais é melhor ou se realmente deve ser considerado exótico.

Porém, as avaliações deste café são muito positivas, algumas pessoas até o classificam como o melhor café do mundo.

Antes de pensar em preço devemos entender que há uma distinção com o termo ‘valor’. O preço de mercado desses cafés decorre do valor atribuído a ele, seja pela história, produção, raridade entre outros fatores.

Compreendendo o valor atribuído é possível fazer um julgo mais coeso do preço. Por um lado a experiência é muito interessante, porém, pessoas que já beberam afirmaram não haver muita diferença do café comum.

Por fim, tomar cafés exóticos soa mais como outra forma de se gabar do que você pode fazer com o seu dinheiro.

Monkey Coffee

Já em Taiwan e Índia podemos observar uma história semelhante a do jacu bird. Muitas fazendas dessa região ficam ao lado de florestas onde macacos habitam desde antes do cultivo do café.

Em Taiwan os macacos ‘responsáveis’ pelo processo são os Formosan, já na Índia os macacos Rhesus fazem o papel que torna este café exótico. Como os jacus, estes macacos são livres e ainda não há relatos de produções com macacos em cativeiro.

Em comparação a outros cafés este é mais novo, passou a ser produzido no início do ano 2000, mas isso não o torna menos raro.

Como é o processo

Como as florestas ficam ao lado das fazendas, os macacos frequentemente visitam as plantações de café. Os proprietários não podiam fazer muita coisa, entretanto, como no primeiro caso, o que parecia o fim, foi apenas um novo começo para o negócio de café.

A cereja de café conhecida popularmente por grão de café é um dos alimentos principais da dieta desses macacos. Eles selecionam as mais maduras, e consequentemente mais doces. Depois de colher as cerejas do café eles mastigam lentamente então as cospem.

Depois que os macacos cospem as sementes elas são recolhidas com muito cuidado pelos trabalhadores. Após isso os grãos são lavados, processados e passam pelo processo de secagem. Por fim os grãos de café são torrados e comercializados.

Puro, por favor

O Monkey Coffee deve ser degustado puro. Isso se deve ao seu sabor naturalmente doce, resultado da seleção realizada pelos macacos.

Este café contém um gosto mais complexo, é um doce que imprime toda a cadeia de notas de sabor do café. Isso inclui o chocolate, nozes, as frutas cítricas e a baunilha, tom que mais se destaca. Mas em meio a tanto doce é possível sentir um leve traço do amargor.

Afinal, por que esses cafés tem um preço tão alto?

Alguns são pela sua história e outros por realmente terem sua fabricação mais difícil.

Diversos especialistas alegam que o café não é tão especial quanto dizem, mas para um amante da bebida, estes cafés podem ser uma boa experiência.

Em casos do café Kopi Luwak e Black Ivory já estão sendo levantados movimentos visando denunciar maus tratos e exploração. Mas isso ainda não parece impactar o seu valor.


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